sábado, 5 de outubro de 2019

Maturidade


            Há um instante em que o destino
            Cobra o tributo pelos anos vividos.
            O tempo, malfadado escultor e artífice,
            Entalha em nossa face linhas e marcas,
            Com precisão, mas sem escrúpulos.
            Algumas são profundas, outras rasas.
            Todas, porém, confidentes da alma.
            A consciência corrige os ponteiros
            E anuncia a hora exata da vida:
            É chegada a maturidade!
            O hálito de frescor da juventude
            Esvaiu-se como o grão de areia
            Que escapa pelo buraco da ampulheta.
            É hora de recolher os despojos,
            Organizar os troféus e louros,
            Expor o elogio da biografia concluída,
            Evidenciar o heroísmo de outrora.
            Não é o fim. Certamente há o que caminhar,
            Ainda resta um tanto de estrada.
            Mas, acostuma-te, mortal, com o verbo.
            Há de decliná-lo em demasia no tempo pretérito,
            Pouco no presente e quase nada no futuro.

20.07.2019

Carlos Carvalho Cavalheiro

Poesia classificada em 3º Lugar na 2ª edição do Prêmio Febacla de Criação em Verso e Prosa.

2 comentários: