Corajosa é a chuva lá fora
batendo renitente à minha janela
procurando investir-me de intrepidez
para enfrentar o mundo
que existe além da parede do lar.
A chuva brinca faceira,
desconhece os perigos noturnos
Não sente o odor exalado
pelas narinas do ébrio
Não vê a corrupção corroendo
a alma como traça a deglutir,
com gula, as páginas brancas
de um livro novo.
Não percebe a navalha no bolso
da calça do assaltante.
Finge não conhecer o estuprador,
o ladrão, o arruaceiro.
E insiste na tentativa de limpar
As sujeiras humanas acumuladas,
aglomeradas nas ruas.
10.01.2000
Carlos Carvalho Cavalheiro
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