O inseto voador
rodeia a lâmpada elétrica
que não retribuindo
tal idolatria, causa-lhe
a morte num simples
e terno ósculo:
Beijo de Judas.
Qual sedução carrega
em
si a luz?
O inseto, redivivo Ícaro,
não resiste aos encantos
da
magia de Edison.
Talvez o inseto
não reconheça a morte
disfarçada
em vidro
e brilho resplandecente.
Acaso eu também não tenho
feito
similar papel?
Não tenho caminhado para a laje
onde serei sacrificado
como
o asteca conformado?
Não estarei enfeitiçado
por algum fulgor de chamas
que consumirão minha carne?
O canto da sereia
há de encantar àqueles
que jamais temem o desconhecido,
que aceitam o desafio.
A morte... novo nascimento.
Não se tem medo da morte
se não trauma do nascimento
quando perdemos nosso
corpo
chamado então de placenta
e enxergamos a luz,
novamente a tentadora luz
para qual voamos,
não obstante o medo,
tal qual o inseto voador,
tal qual o lendário Ícaro.
28.11.1998
Finalista do Mapa Cultural Paulista de 1999 e 17º Lugar no Prêmio VIP de Literatura 2018
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